A palavra parece estar na moda. Tanto quanto sabemos, alguém a terá pronunciado na TV (não temos a certeza, porque raramente vemos televisão) e, por desuso dela, foi objecto de comentário.
Pois o assunto é, efectivamente comezinho e conta-se em dois tempos.
Moramos, por desgraça nossa, numa rua do Porto onde passa a linha imaginária, divisória de duas freguesias. Não pertence a nenhuma das duas nem pertence a ambas. E, se calhar por isso mesmo, ninguém lhe liga.
É, ainda, uma rua calcetada a paralelo, já bastante puído pelo uso. E que uso! Passam por lá, diariamente, centenas, senão mesmo mais de um milhar de carros. Autocarros já passaram, deixaram de passar e já voltaram outra vez fazendo estremecer as construções, apesar do sólido granito das paredes. As condutas das águas pluviais e os bueiros correspondentes, frequentemente entupidos, transformam a rua num riacho, quando chove demais ou rebenta uma qualquer tubagem da água, que se remenda quando e como se pode.
A maioria dos paralelos está solta ou quase. Afastados entre si, em muitos casos, dois ou três centímetros, evidenciam os interstícios donde, há muito, a terra ou areia que os deveria unir já desapareceu. O ruído do trânsito, ampliado pelas circunstâncias, é um pesadelo nocturno.
Residimos, aqui, há, salvo erro, quatro gerações. Mais duas estão na calha. E, que me lembre, não houve, até agora, autarca que nos valesse!
Ah! Já nos esquecíamos! A rua em questão fica numa zona da cidade considerada nobre (Antas), o que, contrariamente ao que os meus concidadãos dos bairros sociais possam pensar, não lhe traz qualquer vantagem, Bem pelo contrário, como se vê.
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